De quantas palavras somos feitos? Num país "sebastianista" tudo o que é misterioso e/ou enigmático é valorizado. Tendemos a expiar os nossos males na crença das suas virtudes sobrenaturais, oferecendo obediência cega, atribuindo-lhes capacidades insufismáveis. Assim sobrevivem politicamente personagens como José Sócrates (delfim de António Guterres?! - pensem nas diferenças de discurso e conditas entre eles e seus respectivos índices de popularidade) e todos os ditadores que conhecemos. Investidos de uma auréola, magnetizam a maioria alheada e transformam o mundo num local cada vez mais injusto e discriminatório.
Mas às mulheres e homens anónimas/os, exigimos palavras. Quem não as tem em quantidade aceitável, é rotulado de anti-social, egocênctrico, desinteressante, etc... E quantas temos realmente para dar? Cada vez mais a palavra é uma exigência. Comunicamos cada vez mais, temos cada vez mais amigos: reais, imaginários e virtuais! Queremos ser pop não sendo populuxo. Mas, se cada vez comunicamos mais, se cada vez temos mais amigos, se cada vez somos conhecidos por mais gente, porque cada vez mais frequentemente nos sentimos vazios e desprovidos de essências? Essências... faltam-nos essências! Falta-nos ver, estar atento, querer vencer a barreira do físico e conhecer verdadeiramente quem nos rodeia. Numa conversa, o não-dito é puro. Mas isso implica estar atento e dispender energias. Queremos ouvir, ou fingir fazê-lo. E assim trasnformamo-nos em grandes amigos.