quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Essências, âmagos e semânticas

Ao ouvir o programa "Dias do Avesso", na Antena 1, deliciei-me ao ouvir Eduardo Sá a discorrer acerca da "atmosfera anti-depressiva" que hoje vivemos. Embora algumas ideias nos separem, neste episódio ouvi-o a defender as mesmas ideias que eu. E por isso recomendo a rúbrica em si e este episódio em particular. http://multimedia.rtp.pt/index.php?prog=1651 (2007-07-31)
Olhamos em redor e vemos a febre pela vertigem alucinante da rapidez, pelo imediato e por toda a espécie de termogéneos físicos e mentais. Não é por acaso que os centros comerciais se enchem, que os restaurantes de comida rápida apresentam lucros fabulosos, que os carros de altra cilindrada se vendem como nunca antes, que a heroína circula predominantemente nos circuitos retro, tendo sido substituida pela cocaína, LSD e extasy. Existe uma urgência socialmente veiculada em muitos contextos, totalizantes para a maioria das pessoas, que nos impele a tudo e nos retira as essências, os âmagos, as semânticas... E quem não se enquadra neste vágado é rotulado de "deprimido". E esta tendência para a patologização é algo que muito me preocupa porque cria rótulos, inter e intra-individuais. Porque, assim, passamos a nos definir e a sermos definidos pela (suposta!) doença e não pelo que somos. E o que somos é único e privado.

2 comentários:

Fábula disse...

creio que, SE ainda não o conheces o vais apreciar:

http://psisalpicos.blogspot.com/

(gosto de o visitar) =)

Sónia Oliveira disse...

"O que somos é único e privado"
Revisito-te, agora, sem lentes. A olho nu. Aguardo o regresso da tua voz.
Beijinho