Que sentido dar a esta vida em fuga? Fugimos das experiências, das pessoas, da nossa origem, de nós próprios. Esse é o silêncio que não somos capazes de suportar. Quando não estamos entretidos a cumprir o nosso grande plano, a equacionar formas de resolver os problemas de outr@s, somos obrigad@s a enfrentar as grandes questões que se levantam. Sim, porque as verdadeiras questões, aquelas que queremos de imediato silenciar arranjando subterfúgios disfarçados de causas nobres, apenas surgem através desse mergulho interior... Em que é que cada um de nós se distingue do que se vê nesse lodo? Não, verdadeiramente, EM QUÊ? Porque se respondeste assim tão rápido, foi porque obviamente não te deste ao trabalho de pensar. Serão aqueles trocos que tão generosamente dispensas ao pobrezinho da tua rua que te ilibam de pensar mais nele? Ou será que aqueles 30 minutos semanais do teu precioso tempo que gastas com os velhinhos do teu bairro não serão, na realidade, mais um fruto do teu egoísmo? Sim, porque o que procuras são os aplausos, a auto-satisfação de reconhecer que a tua existência é de alguma forma validade. Um egoísmo mais subtil, de certa forma mais positivo como facilmente se entende. Mas talvez não passem de fugas para evitarmos abraçar a nossa responsabilidade nesta realidade, porque ajudar @s outr@s traz-nos uma leveza e uma auto-satisfação tão grande que quase justifica a nossa real omissão. Será que alguma ajuda verdadeira pode ter como fundamento a nossa auto-satisfação? E de que forma se pode considerar ajuda se nos limitamos a perpetuar dependências?
Se queres mudar o mundo, talvez seja melhor começar por limpar a tua casa... Experimenta ouvir o ruído que surge no teu âmago quando tens a coragem de parar no silêncio, na escuridão, na solidão, tenta ir fundo e partilha as sensações, porque se conseguiste alguma resposta, quem sabe se ela não valerá para mais alguém, com sorte para mim...
1 comentários:
Gostei bastante. Li várias vezes.
Ajuda é ensinar ou apoiar para a autonomia. Se se torna dependência já é nocivo, quando ajuda deve ser positivo. Não, não há fundamento em ajudar quando o principal foco é a auto-satisfação, nada há de bom n'o alimentar o ego sugando os outros. Só podemos ajudar, quando arrumarmos a nossa casa primeiro. E aí a motivação é outra, natural e espontânea.
Não é só depois de nos conhecermos e olharmos, que somos capazes de ajudar? 1º nós e depois os outros.
Há uma música que diz "So you're doing better now, everybody comes around"
Gostava de ler mais assim por
aqui:)
Sónia
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