Cheguei a casa. Queria e precisava de me sentar calmamente a ver o noticiário da rtpn. No entretanto, liguei o computador e li os comentários a alguns posts do blog. O último que li foi o da
Maria, sobre os/as Professores/as. E nem de propósito: na tv começa a reportagem sobre a manifestação dos/as Professores/as, em Gaia. Lembrei-me imediatamente de uma grande mulher da qual tive o privilégio de ser aluno e que se chama Conceição - muita gente sabe o seu apelido mas eu não o quero saber porque quero para sempre associar as memórias que guardo com o nome: Conceição. Conceição, a minha querida Professora de História do 12.º ano na Escola Secundária Almeida Garrett. Lembrei-me imediatamente dela. E, volvidos alguns segundos, fui muito feliz: a minha querida Professora Conceição, de História, do 12.º ano, empunhava a faixa "Professores em Luta". Obviamente não descansei enquanto não consegui o
vídeo para partilhar convosco. A minha querida Professora Conceição, de História, do 12.º ano, é a mulher que traja de branco, com óculos na testa - sempre aqueles óculos que saíam sempre por 4 segundos e lá regressavam sem ler uma palavra que fosse do livro de História - e conversa calorosamente com outra mulher que veste uma cor escura. E, para minha surpresa, o meu amigo de infância Pedro Marcolino, a seu lado, de óculos postos, como sempre.
Obviamente, a minha professora Conceição tinha que estar presente. Muitas vezes penso que um dia serei como ela: trata-se de uma mulher amargurada, revolucionária, profundamente justa, inconformada, errante, desorganizada, irascível com as banalidades, politicamente incorrectíssima, frontal e (talvez por isso) extremamente controversa. É uma das mulheres que muito admiro. A sua amrgura é algo que nunca esquecerei. Fico inquieto ao imaginar o que terá a minha Professora Conceição vivido durante tantos anos de mulher, de revolucionária e de Professora em Portugal... Aposto que toda a amargura que traz no peito nasceu e aí vive até hoje. Agora imaginem: uma mulher assim a leccionar História, no 12.º ano de Humanidades! Jamais esquecerei a forma como nos ensinou, na escola pública, a II Guerra Mundial, a Queda do Muro de Berlim e, sobretudo, o 25 de Abril de 1974. Grandes momentos passados com uma mulher que não aceita esconder-se e que grita, a quem quer e a quem não quer ouvir, o seu inconformismo e descontentamento. Uma grande mulher de Esquerda, uma professora que certamente ajudou muitos/as alunos/as a desenvolver consciência cívica e pensamento crítico.
Obrigado por tudo querida Professora (e nunca o soube, que o era... dir-lhe-ei um dia)! Até sempre! A sua presença inspirar-me-á no meu percurso. E um dia, se concretizar o sonho de ser Professor, tentarei dignificar a sua profissão e pôr em prática os seus ensinamentos. Bem haja, Professora!