segunda-feira, 3 de março de 2008

Luna

Num país longínquo, o tempo corre devagar. Sob o ameno dos dias que teimam em ficar, há gentes de uma só cor, de um só género, de uma região. Nesse país longínquo, fala-se uma só lingua, veste-se tudo o que chega de fora e até o vento é ameno. Nesse país longínquo as forças da ordem galopam pelas ruas e são veneradas. Nesse país longínquo, existe um só partido político porque todos pensam igual. Esse país longínquo, sobre o qual não vou revelar a identidade porque é um local secreto que não quero ver vilipendiado, tudo corre bem. É ver as pessoas, olhos nas montras, atarefadamente a percorrer circuitos como carris. E vão, e vêm. E vão. E o hoje é igual a ontem.
Quando estamos lá, sentimos que nada poderá correr mal porque tudo podemos prever. Que paz... Hei-de voltar, certamente! Nesse país longínquo, não há mulheres, não há gays, não há lésbicas, não há transsexuais, não há emigrantes, não há pobreza, nem sem-abrigo, nem prostituição, nem fome, ... Nesse país longínquo não há, portanto, essas lixeiras ambulantes que nos poluem as paisagens - como há aqui - e nos impedem de ver as montras e as roupas de quem passa.
Um dia destes vou para lá viver. Parto e nunca mais volto.
Como Gisberta e Luna...

2 comentários:

Helena Velho disse...

Quando encontrares esse PAÍS , importas-te de me dar boleia, por favor?

Um beijo.

Olavo Maluf disse...

Só arranjo boleias para bem longe.

Um beijinho.